Muita gente se surpreende com a criatividade de alguns escritores quando o assunto é o futuro do planeta. Existem os que acham que os autores exageram. Acontece que alguns dos exercícios de futurologia mais excêntricos da literatura acabam acertando no alvo (ou perto dele). E quando isso acontece, o resultado é uma legião de leitores boquiabertos se perguntando: “como é que ele sabia?” Confira alguns exemplos.
Stand on Zanzibar, de John Brunner
Um dos livros mais proféticos de Brunner, Stand on Zanzibar é raro e nunca foi publicado no Brasil. A obra foi publicada em 1969, mas a história se passa no “distante futuro” de 2010. Os EUA são governados pelo presidente Obomi (!), e o país sofre com ataques terroristas e tiroteios em escolas. A cidade de Detroit está abandonada e a maconha foi descriminalizada. Carros elétricos são comuns nas ruas e uma invenção chamada Direct TV exibe a programação favorita do cliente. Nos escritórios, todas impressoras funcionam a laser. Assombroso.
Daqui a cem anos, de Edward Bellamy
Publicado em 1887, o livro usa uma linguagem seca para descrever uma utopia futurista americana. Uma das invenções sugeridas é um cartão com uma determinada quantidade de crédito que os cidadãos podem usar para fazer compras. Todos as pessoas recebem a mesma quantidade de crédito no começo, mas aqueles com profissões mais perigosas ou desagradáveis receberiam mais crédito. Ou seja, numa só cartada, Bellamy previu o cartão de débito, o bolsa-família e o auxílio insalubridade. Palmas para ele.
2001: Uma odisseia no espaço, de Arthur C. Clarke
Você já viu o filme e – com certeza – ouviu a música tema. Mas já parou para pensar nas inovações previstas no livro? Clarke imaginou as notícias chegando instantaneamente em dispositivos onde poderíamos ler sobre os últimos acontecimentos.
“Um a um, ele invocaria os principais jornais eletrônicos do mundo… ele leria a página de capa procurando rapidamente as manchetes que mais lhe interessavam.” Se isso não é um tablet, o que seria?
E o programa de computador que responde as perguntas do usuário? Pois é. Hal é praticamente o avô da Siri.
Fahrenheit 451, de Ray Bradbury
Bradbury não previu só tragédia em seu livro clássico. Ele também imaginou algo como a realidade virtual que está chegando aos consoles de vídeo game no ano que vem. Foi neste livro que ele previu uma das traquitanas mais adoradas por usuários de transporte público e frequentadores de academia: o fone de ouvido: “Pequenas conchinhas, como rádios do tamanho de dedais”, descreveria o profeta.
Futilidade ou o naufrágio do Titan, de Morgan Robertson
Agora nós saímos da futurologia e entramos no universo das semelhanças inexplicáveis – e arrepiantes. Em 1898, Morgan Robertson escreveu sobre a viagem de um navio fictício chamado Titan, que acaba colidindo com um iceberg e afunda. “Ah, inspirado no Titanic, claro”, pensaria você. Só que o Titanic não seria inaugurado – e afundado – até 1912. As semelhanças não param por aí:
– O Titanic media 268 metros e pesava 53 mil toneladas e era considerado praticamente impossível de afundar. O Titan tinha 243 metros de comprimento e 75 mil toneladas de peso e era descrito como impossível de afundar.
– Viajando em alta velocidade, o Titanic bateu num iceberg a estibordo na noite de 14 de abril de 1912, no Atlântico Norte, a 740 km de Newfoundland. Viajando em alta velocidade, o Titan também bateu num iceberg a estibordo em uma noite de abril, no Atlântico Norte, a 740 km de Newfoundland.
– O Titanic afundou matando metade dos seus 2200 passageiros. O Titan afundou matando metade dos seus 2500 passageiros.
Da Terra à Lua, de Júlio Verne
Em 1865, Julio Verne descreveu a primeira missão tripulada à Lua com impressionante exatidão. 104 antes da realização.
Tanto no livro como na vida real, os Estados Unidos lançam o primeiro veículo tripulado destinado ao solo lunar. O tamanho e formato são muito próximos nas naves do livro e da vida real e ambos transportam três passageiros. Ambas as missões terminam num pouso no Oceano Pacífico. Mais estranho ainda: Verne previu que os viajantes espaciais sentiriam “ausência de peso” na Lua. A nave de Verne, a “Columbiad”, chegou ao satélite natural da Terra 106 anos antes que os astronautas de “Columbia”, o módulo de comando da Apollo 11, lançado em 16 de julho de 1969.
Qual previsão literária você gostaria que se tornasse realidade? Deixe sua opinião nos comentários.